3 filhos
Há tempos escrevi uma coisa enorme, a que poderia pomposamente chamar de 'crónica', sobre a 'nova moda' dos 3 filhos (grande demais aqui para o Lapis). Dois é pouco quatro é muito, três está bem. Três é a conta que deus fez. Não há duas sem três. São tantas as frases feitas. Dá para pegar em qualquer uma. Mas perdi a motivação, a vontade de escarnecer, de invejar, conclui, sem grande esforço que eu também gostava de ter três filhos.
Mesmo sendo os meus a minha religião.
Não sei se foi quando um casal amigo teve o terceiro. Uma alegria, um susto que nasceu com complicações, mas lá se esgatanhou e agora nem dá para acreditar que precisou de uma máquina para respirar. Mal acorda ri, nem que tenha dormido só 5 minutos. Um regalo, um presente para todos nós. Meses depois, outro casal amigo, outro terceiro. Desta vez uma ela, um doce de olhos azuis, os únicos da familia inteira (ainda sobram piadas sobre a cor dos olhos do tipo da TV Cabo...). Este mês vai nascer a terceira filha de outros amigos, só a barriga já promete; e se for como as outras e como a mãe, será linda demais e terá uma toque de seda quando me agarrar a mão para me pedir que brinque com ela. Faltava ainda um outro casal amigo, os meus vizinhos, um pouco mais velhos, ambos no segundo casamento, que aparentam uma grande harmonia familiar (e não só, a julgar pelos sons que me chegam pelo velho soalho da casa...). Têm duas filhas. Na realidade a mais velha é só dele, mas vive com ambos e trata a minha amiga por mãe. E ela deixa. Ela gosta. É filha dela. (Eu que não sabia de nada até as dizia parecidas). 'Metemo-nos em alhadas', diz-me ela hoje meio a rir. Fixo-me nos olhos dele que parecem saltar para junto de mim, pedindo um abraço. Enquanto os felicito oiço-me um pigarrear nervoso que me empurra dali para fora. Para um lugar onde os seus olhos não vejam os meus.
Os meus que choram esta nova moda dos três filhos.