Sunday 28 October 2007

Um dia...

... qualquer dia, neste dia, havemos de estar juntos, Q.

Monday 8 October 2007

Um livro

Sabes bem que mais do que palavras soltas, somos um romance por acabar, uma narrativa tão bela que doi a cada metáfora, a cada eufemismo que tentas para nos suavizar. Nesta escrita a duas mãos, imprimimos diferentes ritmos às nossas páginas, e baralhamo-nos, tu, e eu, sem saber quando avançar, recuar, rasurar aquilo que um de nós, algures, escrevinhou. Não sei ao certo onde começamos, que capítulos pelo meio, como acabamos. Leio-nos em dias tristes, bons lugares para ler um livro, esforçando-me para compreender a nossa prosa, mas perco-me, às páginas tantas. Dizes-me: Quem disse que literatura é fácil? e ainda mais um romance, e de cordel, de fazer chorar as pedrinhas da calçada? Digo-te que difícil isto, apanhar o fio à meada, peço-te que voltes comigo lá atrás (não tenhas medo de lá voltar), algumas páginas, ou mesmo alguns capítulos, e segue comigo. Só então seremos capazes de ler o que já escrevemos de nós, que apesar de parecer pouco é tanto, uma vida. Não sei em que página ao certo, mas sinto falta de ser linda, de ser tua, de ser feliz, onde fazias questão que eu soubesse o quanto me querias. Não sei em que capítulo, mas queria o meu cabelo molhado a acariciar-te os ombros adormecidos, embevecidos, numa manhã invernosa, os teus beijos cravados a fogo na minha pele. Não sei onde, mas as nossas mãos juntas, a escrever, a atravessar ruas, a atravessar vidas, mas juntas. Não sei de palavras que escrevam esta saudade, páginas que guardem este amor poético, amparem a minha alma que explode nas palmas das mãos. Perdida, não sei de nada, apenas que não te posso deixar escrever sozinho, meu amor, porque tu também te perdes, e porque sem as tuas, as minhas palavras não fazem qualquer sentido. Sozinhas, hieroglifos sumidos num mundo de papel.